Fonte: Revista Bioética
Título: Assédio moral, ética e sofrimento no trabalho
Autores: Maria Cristina Cescatto Bobroff, Júlia Trevisan Martins
(Impr.). 2013; 21 (2): 251-8
O impacto das relações no ambiente de trabalho em relação à saúde psíquica dos funcionários é perceptível. Conheço várias pessoas que entendem ser perseguidas por seus superiores hierárquicos, mas, não reconhecem a diferença entre divergências e assédio moral. Abaixo, um resumo de texto interessante, que coloca o assédio moral e a ética como fatores que levam trabalhadores a padecer de transtornos psiquiátricos.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Assédio moral
-Sinônimos: violência moral no trabalho, mobbing (assédio psicológico).
-Características: submissão do trabalhador a constantes humilhações e constrangimentos. Se expressa, contudo, em atitudes violentas e sem ética que provocam repercussões negativas na identidade da pessoa assediada, maculando sua noção de dignidade e infringindo seus direitos fundamentais. Degradação deliberada das condições de trabalho, visto que, quando surte efeito, é capaz de instaurar um pacto de tolerância e silêncio coletivos quanto à gradativa desestabilização e fragilização da vítima. Esta paulatinamente perde sua autoestima, duvida de si mesma e sente-se mentirosa à medida que se vê desacreditada pelos outros. Dessa maneira, aniquilam-se suas defesas e abala-se progressivamente sua autoconfiança, dificultando ou mesmo impossibilitando o desempenho de suas atividades laborais e às vezes
familiares e sociais.
familiares e sociais.
-Posicionamento da Organização Mundial de Saúde (OMS): o fenômeno implica, literalmente, em formar "multiatitudes" ao redor de alguém para atacá-lo.
-Tipos: 1)assédio moral vertical - aquele que decorre de conduta abusiva de superior hierárquico para constranger os subalternos; 2)horizontal - quando os trabalhadores, entre si, têm o objetivo de excluir um ou outro colega não desejável ao grupo; 3)mobbing combinado - união do chefe e dos colegas para excluir o indivíduo; 4)mobbing ascendente – um ou vários trabalhadores julgam-se merecedores do cargo do seu chefe e passam a boicotá-lo.
-Fatores envolvidos: destacam-se a discriminação e a inveja.
-Efeitos nas vítimas: embora o fenômeno do assédio moral, por si só, não seja uma doença, os efeitos desta prática são capazes de provocá-la. Exemplo clássico de tais repercussões refere-se à ansiedade que o assediado pode apresentar, causada pelo sofrimento a que está sendo submetido e que pode desencadear danos físicos e psicológicos. Pode gerar distúrbios físicos e mentais. Os trabalhadores necessitam ficar atentos aos principais sintomas de assédio moral, que são: crises de choro, insônia, depressão, sede de vingança, sentimento de
inutilidade, diminuição da libido, distúrbios digestivos, dor de cabeça,
ideia de suicídio, início de alcoolismo, aumento da pressão arterial e
tonturas.
-Critérios para reconhecimento: 1)realização de ato abusivo ou agressivo; 2)repetição, frequência (ao menos uma vez por semana) e duração (uma semana a três anos) dessas práticas hostis; 3)intenção do assediador.
-Avaliação: por profissionais competentes e capazes de relacionar o dano e estabelecer o nexo causal ao ambiente laboral. Salienta-se que o nexo causal desse tipo de violência está nas condições em que o trabalho é realizado e não à atividade profissional em si.
-Legislação: no Brasil também não há uma lei trabalhista sobre o assunto, embora a tipificação do assédio
moral exista. No âmbito federal há alguns projetos de lei sobre assédio moral e coação moral. As normas jurídicas aprovadas restringem-se ao funcionalismo público, em sua maioria são leis estaduais aprovadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, além de projetos de lei em tramitação em outros estados. Denota-se que nos serviços públicos o assédio normalmente não está associado à produtividade, mas sim às disputas de poder. Neste contexto, o assédio está atrelado a uma dimensão psicológica, na qual a inveja e a cobiça levam os indivíduos a controlar o outro e a querer tirá-lo do caminho. Tal fato pode estar diretamente ligado à falta de legislação específica, que não determina a impunidade do assediador ou a falta de proteção do profissional assediado.
moral exista. No âmbito federal há alguns projetos de lei sobre assédio moral e coação moral. As normas jurídicas aprovadas restringem-se ao funcionalismo público, em sua maioria são leis estaduais aprovadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, além de projetos de lei em tramitação em outros estados. Denota-se que nos serviços públicos o assédio normalmente não está associado à produtividade, mas sim às disputas de poder. Neste contexto, o assédio está atrelado a uma dimensão psicológica, na qual a inveja e a cobiça levam os indivíduos a controlar o outro e a querer tirá-lo do caminho. Tal fato pode estar diretamente ligado à falta de legislação específica, que não determina a impunidade do assediador ou a falta de proteção do profissional assediado.
Ética:
-Etimologia: ethos (grego) - "modo de ser".
-Definição: conjunto de valores que norteiam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vivem, propiciando, assim, o bem-estar social.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ao ler o livro "A História da Humanidade", de Hendrik Willem Van Loon (Martins Fontes, 2004), cheguei à conclusão de que a ironia e a piedade, utilizadas de forma correta, podem ser utilizadas como estratégias para que as vítimas superem os embates provocados por indivíduos mal intencionados, incluindo os que promovem assédio moral:
"Quanto mais penso nos problemas que nos afligem, tanto mais me convenço de que devemos tomar a Ironia e a Piedade por conselheiras e juízas, como os antigos egípcios, que invocavam a proteção da deusa Ísis e da deusa Néftis sobre os seus mortos.
"Tanto a Ironia quanto a Piedade são boas conselheiras. A primeira, com seus sorrisos, torna a vida agradável; a segunda santifica a vida com suas lágrimas.
"A Ironia que invoco não é uma divindade cruel. Não zomba do amor nem da beleza. É gentil e bondosa. Seu júbilo nos desarma, e é ela quem nos ensina a rir dos malfeitores e dos tolos, pelos quais, se não fosse por ela, nossa fraqueza nos levaria a sentir desprezo e ódio”.
"Tanto a Ironia quanto a Piedade são boas conselheiras. A primeira, com seus sorrisos, torna a vida agradável; a segunda santifica a vida com suas lágrimas.
"A Ironia que invoco não é uma divindade cruel. Não zomba do amor nem da beleza. É gentil e bondosa. Seu júbilo nos desarma, e é ela quem nos ensina a rir dos malfeitores e dos tolos, pelos quais, se não fosse por ela, nossa fraqueza nos levaria a sentir desprezo e ódio”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário